A arteterapia como intervenção na área da psicologia
A arteterapia como intervenção na área da psicologia
A arte faz parte da existência do ser humano. Ao longo da história, os
recursos artísticos estiveram presentes nas relações e obras desenvolvidas
(Costa e Onativia; 2018). A criatividade na arte do fazer se encontra no
processo da garantia da sobrevivência e da construção da sociedade. Destaca-se
aqui a afirmação de Loiola e Andriola (2017) no reconhecimento da arte como a
capacidade do homem e da mulher de criar, ser no mundo, encontrar sentido para
o existir, realizar mudanças, buscar saúde e expressar-se.
A psicologia procurou compreender
estas particularidades relacionadas a subjetividade humana. As perspectivas de
Freud, Winnicott, Jung, Rogers, Maslow e Perls - em suas teorias e abordagens
psicológicas - produziram constatações sobre a temática e o funcionamento
psíquico. Conexões foram estabelecidas entre a arte e a investigação da mente.
Estas contribuíram na formulação de diversas técnicas avaliativas,
psicoterápicas e interventivas psicológicas. Uma delas é a intervenção
arteterapêutica que obteve subsídio da psicologia e de outras áreas do
conhecimento na sua concepção. Isso é corroborado por alguns autores, como
Felício, Pereira e Santos (2019); Anastasiou e Matos (2018); Rodrigues,
Oliveira, Câmara e Oliveira (2018); Loiola e Andriola (2017); Tavares e Prestes (2017).
A Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo (AATESP) e a Sociedade Brasileira de Arteterapia (Sobrarte) definem a arteterapia como uma intervenção terapêutica humanizadora e global. Esta utiliza a expressão pelos recursos artísticos. Estimula e capacita a criatividade, sensibilidade, autoconhecimento e elaborações modificantes na vida do indivíduo. Além de ser um tratamento complementar das patologias de teor orgânico, psíquico e emocional. Aborda conflitos e interações relacionais do paciente com ele mesmo, com os outros e o mundo. Oferece o ciclo de reflexão, reconhecimento, elaboração, ressignificação, reconstrução e transformação (Soares, Machado, Ramos e Rapazzo, 2019; Costa e Onativia, 2018).
Há programas de pós-graduação e cursos de associações para capacitar os
profissionais de diversas áreas que queiram manejar a arteterapia. Psicólogos,
pedagogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e entre outros
profissionais podem se especializar e se tornarem arteterapêutas (Tavares e
Prestes; 2017).
Contexto Histórico da Arteterapia
Segundo a Philippini (1998) e PAÍN e JARREAU (2009), Freud e Jung - teóricos da psicologia importantes
da linha psicanalítica - contribuíram na construção das bases primárias da
arteterapia através de análises das expressões artísticas, símbolos,
significados e significantes que remetiam a conteúdos inconscientes da pessoa. Desta
forma, pesquisas já citadas anteriormente como os de Felício, Pereira e Santos (2019); Anastasiou e Matos
(2018); Loiola e Andriola (2017); Piccoti(2016)
são destacados aqui por estarem corroborando com os dados fornecidos pela
Associação.
Para
Paín e Jarreau (2009) e Arcuri (2006), a
contribuição do processo da elaboração de testes psicológicos como o de Mohr em
1906, de Rorschach e de Murray com o TAT que trazem como fundamentos aspectos
técnicos e teóricos destes instrumentos revelando possíveis intervenções
terapêuticas científicas pelo uso da imaginação, criatividade e da expressão
artística (VAN KOLCK, 1967); e
posteriormente foi embasada na sistematização da arteterapia. Em 1876, o
psiquiatra Max Simon surge como um dos que iniciaram a artetarapia na história por
aplicar a arte como instrumento mediador das expressões conscientes e inconscientes
de seus pacientes no trabalho psiquiátrico.
O estudo de Piccoti (2016) e Paín e
Jarreau (2009) corroboram na
afirmação de que Margareth Naumburg, em 1941, fundou e sistematizou em termos
científicos a Arteterapia nos Estados Unidos, e como resultado de seu trabalho
produziu o livro “Arteterapia de Orientação Dinâmica”. Já na Europa, outros
nomes surgiram praticando a arte como facilitadora terapêutica como o de Edith
Kramer em 1950. E em 1970, Françoise Dolto continuando a linha psicanalítica,
Jainie Rhyne com a gestalt terapia e Natalie Rogers com o humanismo.
Por volta de 1920 e 1940 surgiram duas figuras marcantes
para o início da história da arteterapia no Brasil. Conforme a Sociedade Brasileira de
Arteterapia (Sobrarte), a Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo
(AATESP), Piccoti (2016) e Arcuri (2006) estas duas figuras são: o Dr. Osório César e a Dra Nise da Silveira, ambos
médicos psiquiatras. O Dr. Osório César se destacou em 1925 pela sua atuação
profissional no Hospital Psiquiátrico do Juquery em São Paulo com práticas que
utilizavam da arte destinados aos pacientes. E a Dra Nise da Silveira em 1946,
no Centro Psiquiátrico Dom Pedro II em Engenho de Dentro no Rio de Janeiro,
realizou a criação, o desenvolvimento e efetivação de oficinas de artes na Seção
de Terapia Ocupacional mantendo comunicação por cartas com Jung. Todos os
materiais produzidos pelos pacientes foram destinados como patrimônio memorial
e reunidos no Museu do Inconsciente na atualidade. Toda a trajetória da Nise
com este trabalho é descrita no livro “O Mundo das Imagens” escrita pela autora
Silveira e publicado em 2001. Nise é reconhecida pela contribuição na
reformulação do tratamento utilizado a doentes mentais de forma humanizada e
também como marco importante na reforma psiquiátrica.
Na década de 1960, a arteterapia começou a surgir como campo
de conhecimento e atuação pela vinda de Hanna Yaxa Kwiatkowska ao Brasil -
formada em arteterapia no exterior - foram atribuídos os primeiros cursos
efetivos desta área para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, segundo Arcuri(2006).
Outro
nome destacado por Arcuri (2006), é o da psicóloga Maria Margarida M. J. de
Carvalho que realizou o curso de arteterapia com a Hanna Yaxa Kwiatkowska em
1964, e foi a primeira a realizar orientações e programas de arteterapia no
período de 1970. Além de que trouxe contribuições significativas durante o
período de 1980 e 1981 através do seu próprio curso de extensão em Terapias
Expressivas junto com colegas das áreas de dança terapia, teatro e expressão
corporal.
Dados
disponibilizados pela Ciornai (2004) mostra que Joya Eliezer e Ângela
Philippini, ambas psicólogas, na década de 1970 e 1980, formaram-se em
arteterapia. As duas são profissionais respeitadas no meio da artaterapia na
atualidade, mas Ângela Phillippini se destaca pelos seus grupos de estudos
oferecidos, por ter estudado os escritos diretos de Nise da Silveira, pelos
treinamentos e cursos que ela ofereceu na Clínica Pomar e pela sua titulação de
mestra em Arteterapia em Barcelona.
Ainda
pela Ciornai (2004), destaca-se no
período de 1975 e 1976, pois estudou - Selma Ciornai - arteterapia durante a
sua faculdade em Israel e nos Estados Unidos fez mestrado também nesta área.
Considerando em seu currículo que também estudou Arteterapia com Vija Lusebrink
e Janie Rhyne que foram uma das primeiras aprendizes que ajudaram na construção
desta área. Em 1984 Ciornai produziu o primeiro curso de extensão em
Arteterapia na Pontífica Universidade Católica de São Paulo, que se estendeu a
grupos de estudo em diversos contextos. Em 1989 começou a oferecer o curso de
extensão em Arteterapia no Instituto Sedes Sapientiae, que logo no ano seguinte
se transformou no primeiro curso de formação em Arteterapia a ser dado em uma
instituição de ensino superior em São Paulo.
Segundo
Souza(2016), a década dos anos de 1990 e anos 2000 a 2008, outros cursos de
Arteterapia surgiram, inicialmente com a orientação dos professores dos três
pólos pioneiros iniciais: o curso de Joya Eliezer, a formação da Clínica Pomar
e a formação do Instituto Sedes Sapientiae. Os primeiros Congressos Brasileiros
de Arteterapia foram realizados no Rio de Janeiro em 1993 e 1996, e em São
Paulo foi em 1999 (Sociedade Brasileira de Arteterapia). Nos anos 90, observou-se
uma expansão de cursos de Arteterapia no Brasil, alguns coordenados por pessoas
capacitadas, mas outros coordenados por profissionais sem muita noção do que
era Arteterapia. Hoje existem Associações de Arteterapia do Rio de Janeiro,
Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Brasil Central, Rio Grande
do Sul, Bahia e Sul do Brasil, além da União Brasileira de Associações de
Arteterapia (UBAAT) cuja finalidade é reconhecer, normatizar e legalizar a
profissão.
Principais Abordagens da Arteterapia
Devido a linha psicológica psicanalítica
ter sido uma das principais bases teóricas iniciais enraizadas na história da
arteterapia, é possível perceber a psicanálise freudiana e junguiana como as
abordagens principais e mais fortes dentro da prática arteterapêutica
(Philippini, 1998). No entanto, linhas teóricas psicanalíticas como de
winnicottiana, lacaniana, kleiniana e derivadas também são aceitas nas
interpretações e análises, com base as corroborações das informações fornecidas
por Felício, Pereira e Santos (2019); Anastasiou e Matos
(2018); Loiola e Andriola (2017); Tavares e
Prestes (2017); Piccoti(2016); Paín
e Jarreau(2009).
Neste patamar entre as abordagens mais aplicadas
para a intervenção arterapêutica, a Gestáltica também se destaca dentro da
linha psicológica fenomenológica-existencialista, que assim como na linha
psicanalítica, segundo a Paín e Jarreau (2009), podem ser empregadas como embasamento teórico ramificações para as
interpretações das ações terapêuticas como as teorias de Maslow, o humanismo, o
psicodrama, Sistêmica, Transpessoal. O uso da abordagem Cognitiva
Comportamental também está sendo empregada durante a prática da arteterapia (MENDES,
et. al. ,2020).
Abordando o aspecto teórico da base usada na
arteterapia, três fundamentos se destacam em relação a esses pressupostos, que
são a psicanálise, junguiana e gestáltica (REIS, 2014).
A primeira delas foi a psicanalítica que foi
desenvolvida por Margaret Naumburg em um modelo de orientação dinâmica, que de
acordo com ela podia através da arteterapia estabelecer uma conexão entre o
inconsciente e o consciente, seguindo uma modelo determinista freudiano (do
inconsciente), pois favorecia a projeção de fatores inconsciente favorecendo
desta forma a relação paciente-terapeuta por meio dos fenômenos transferenciais
e a produção de insights (Reis, 2014).
Ainda segundo Reis (2014) e Freud (1990), na
abordagem psicanalítica a arte é vista como uma forma de sublimação, em que é
sublimado as pulsões de ordem sexual para utilizar em atividades criativas e de
viés intelectual, projetando através da associação livres os sentimentos e
pensamentos.
Segundo Andrade (1995), Edith Krammer, também é uma
expoente da arteterapia psicanalítica, porém sem utilizar a interpretação, pois
o paciente não precisava verbalizar. A importância terapêutica estava posta na
expressão de coisas muitas vezes não aceitas socialmente e que encontrariam uma
forma de expressão em oposição ao recalcamento, voltando na forma de sintoma.
A segunda base, junguiana, é apresentada por Reis
(2014) como advinda no Brasil pelo trabalho de Nise da Silveira, que utilizava
mediação de símbolos do inconsciente, pois de acordo com essa abordagem a “uma
palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu
significado manifesto e imediato” (Von Franz 1977, p.20), direcionando desta
maneira ao inconsciente, mas além do pessoal, incluindo também o inconsciente
coletivo, ou seja, aqueles que aparecem várias vezes de forma geral, universal,
desenvolvidas através dos arquétipos e instintos.
De acordo com Silveira (2001), na teoria junguiana,
no inconsciente também são criados ideias novas, pois a criação também vem dela
(inconsciente), sendo demonstrada de diversas formas, como, sonhos, fantasias,
nas artes e histórias, mas tudo isso na verdade pode ser considerado um
auto-retrato que ocorre internamente sem filtros, por isso não é feita
interpretações das imagens relacionando-as como representações do inconsciente
nas intervenções arte-terapêuticas, na verdade o importante é o indivíduo “dar
forma” a esses impulsos e libido, pois não poderia ser expresso pela fala.
Analisando o início das imagens presentes no
inconsciente representadas na arteterapia, a psicologia analítica se desenvolve
em dois tipos, a primeira são as expressões daquilo que o indivíduo vivenciou,
vinda do inconsciente pessoal e a segunda são imagens arquetípicas, que são as
vivências básicas das pessoas, que são expressas de formas diferente, momentos
diferentes, em locais diferentes, segundo Reis (2014). Os principais expoentes
dos arquétipos são os mitos, pois eles fecham situações que se repetem em
vários contextos, juntamente com a psicose, que é “uma inundação do consciente
por imagens arquetípicas” (Silveira, 2001, p.352) que são representados nas
artes do paciente, deixando o terapeuta perceber os processos psíquicos do
paciente enquanto o paciente pode (re) experimenta-lo, ou seja, transformar-se.
Neste contexto, é muito comum o uso de mandalas
fundamentado por Chiesa (2012). Logo, considera-se a pintura,
o desenho, recorte-colagem, modelagem, tecelagem, escrita criativa, entre
outros recursos aplicados pela abordagem Junguiana, o idoso pode acessar o
inconsciente e a representação dos arquétipos (PHILIPPINI, 1995).
A terceira base é a arteterapia gestáltica que tem
como ideia a teoria da percepção e a arteterapia objetiva ampliar essa
percepção de si mesmo (REIS, 2014). É uma percepção de um todo, formado por várias
partes, tornando-se assim um a realidade (completa), mas toda essa junção é
mais do que somente a junção de partes e a função terapêutica na Gestalt é
trazer insights sobre a forma como percebemos nós e o nosso mudo, promovendo a
awreness, ou seja, a autopercepção no momento vivido, ganhando consciência (RHYNE,
2000).
A experiência gestáltica de arte, então, é o seu eu
pessoal complexo fazendo formas de arte, envolvendo-se com as formas que você
está criando como fenômenos, observando o que você faz, e, possivelmente,
espera, percebendo por meio de suas produções gráficas não apenas como você é
agora, mas também modos alternativos que estão disponíveis para que você possa
se tornar a pessoa que gostaria de ser (Rhyne, 2000 como citado em Reis, 2014).
O Criar permite que a pessoa se revelar em diversas
formas de ser-no-mundo, pois permite se enxergar de diversas formas até então
inexploradas e desconhecidas. O Psicólogo não deve interpretar e sim respeitar
a o sentido trazido pelo individuo, considerando a individualidade, guiando e
acompanhando todo o processo de busca realizado pelo cliente, pois quanto mais
o cliente aprende sobre no processo, mais caminhos ele descobre em sua vida (CIORNAI,
1995).
Aplicabilidades da Arteterapia no Brasil
A arteterapia, na perspectiva de Bernardo
(2013) e Lopes (2018), é uma intervenção terapêutica facilmente adaptável a
diversas realidades, contextos e temáticas. Contém
cunho transdisciplinar. É aplicada em faixa etárias, demandas e
situações socioeconômicas variadas, ocupando grande relevância social e
política. É de utilidade para a saúde e educação pública. É válido em ações e estratégias em diversas áreas -
como na educação, comunicação, saúde, organizacional e entre outras - com
a tendência de proporcionar um cuidado holístico ao ser humano. Atua na
promoção da saúde, prevenção de doenças, reabilitação, cuidados paliativos e desenvolvimento
biopsicossocial (VITAL, SILVA, SARDINHA E LEMOS,
2020; VALADARES-TORRES E RODRIGUES, 2020; GONÇALVES E SANTOS, 2019; SOARES, MACHADO, RAMOS E RAPAZZO, 2019; CORDEIRO, 2019; PINANGÉ, 2018; COSTA E ONATIVIA, 2018; CARATI, 2018; ANASTASIOU E MATOS,
2018; AJAMIL, 2018; VALADARES-TORRES, 2017;
SODRÉ E WEBER, 2017; LOIOLA E ANDRIOLA, 2017).
Segundo
a Portaria nº 849, de 27 de março de 2017, o Ministério da Saúde incluiu a
arteterapia na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC). Reconheceu a importância desta intervenção para a saúde integral e na
promoção da qualidade de vida. Diante disso, esta prática pode ser efetuada no Sistema
Único de Saúde (SUS), como na Unidade Básica de Saúde (UBS), nas Redes de Atenção
à Saúde (RAS), na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), no Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), Clínicas e no Hospital Geral e Especializado, conforme os
estudos de Vital, Silva, Sardinha e Lemos(2020); Franco (2020);
Valadares-Torres e Costa (2018); Lima, et. al.,(2018); Soares, Machado, Ramos e
Rapazzo(2019); Tavares e Prestes(2017).
Com o avanço tecnológico, pesquisadores procuram formas de integrar novos
estudos e ferramentas tecnológicas nas intervenções arteterapêuticas. Tavares e
Prestes (2017) enfatizam os concentrados esforços na criação da tecnologia
social em arteterapia, sendo de relevância sociopolítica, com o intuito de variar,
inovar, facilitar e acrescentar novos conhecimentos e metodologias na
compreensão das vivências arteterapêuticas de cada participante.
Com base em Nazareth
(2020) o atendimento arteterapêtico remoto em contexto da pandemia do COVID-19
se tornou um recurso para manejo de crises, apoio emocional, acolhimento e
elaborações. Concentra-se na diversidade de possibilidades interventivas com o
intuito ao cuidado e atenção a mente humana com a ferramenta de expressão
artísticas com acessibilidade. Fototerapia, histórias, heróis, contos e
desenhos podem ser utilizadas nos encontros síncronos e assíncronos.
Mendes,
et. Al. (2020) acentua a relevância da união da atuação da Arteterapia e
Psicologia inovando no atendimento on-line em um Centro de Atenção Psicossocial
I como alternativa
potente para dar voz a conflitos que dificilmente conseguiam ser verbalizados,
destacando sua flexibilidade de custos financeiros para a aplicação. Dispondo
os processos arteterapêuticos a disposição de projetos interventivos
direcionados a dinâmica familiar, crianças, adolescentes, jovem adultos,
adultos e idosos caracterizando a integração entre afeto e cognição com evidentes
modificações comportamentais resultantes elevando os níveis de bem estar (BURNS,
2017).
Neste
sentido Moraes (2018) diz:
Através da criação, ele se perceba em suas repetições,
resistências, sintomas, e tenha a oportunidade de enfrentá-las. Que em meio a
essa experiência tome decisões sobre o enfrentamento (ou não) e que assim se
responsabilize por si como autor e protagonista da sua obra/história,
alcançando uma realidade nova em dimensões novas (pp.76-77).
Baseado
nos estudos de Lopes(2017), Cordeiro(2019), Bueno e Bridi(2019),
Philippini(2011) e Ciornai (2004) o psicólogo pode aplicá-la em suas atuações
profissionais, como em oficinas, grupoterapias
e atendimentos individuais. Mostra-se útil na psicologia da saúde, comunitária,
hospitalar, clínica, educacional e escolar (LOPES,2018). Tendo como
possibilidades oficinas de Grupo de arte-identidade, que é facilitado em sua
prática com duas fases: a verbal e a vivencial, destacadas por Camara e Góis
(2015), proporciona a gesticulação de articulações metodológicas contendo
estratégias biopsicossociais capaz de envolver a atuação de equipes
interdisciplinares.
A
arteterapia, para Acampora (2016), compreende uma junção de diversas técnicas e
materiais envolvendo o processo criativo, como objetos intermediários a
mediação da expressividade do conteúdo interior para o mundo produzindo
experiências sensoriais e a manifestações emocionais. Trata-se de vivências
experienciais significantes de transformação facilitando a subjetivação, a
elaboração da fragmentação psíquica proporcionando o acesso a conteúdos
desencadeadores as patologias de teor somato-psíquicos como uma ferramenta que
possibilita a compreensão do diagnóstico interventivo na prática e o contexto
social e cultural dos sujeitos (ALVES, 2019).
Na
perspectiva de Primi (2005), a sólida fundamentação teórico-prática a
respeito da importância da criatividade e o desenvolvimento da competência profissional
que promoverão a construção de novas ações em relação ao mundo do trabalho,
então será formado um trabalhador corresponsável pelos processos sociais de sua
época. Por isso, enfatiza que é de suma importância preparar as pessoas para
aprender a agir e pensar por conta própria, com criatividade, liderança e visão
de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse ato
também em prazer e emoção. Sendo assim, a arteterapia pode ser um recurso de desenvolvimento
profissional dos psicólogos, assim como, pode ser uma ferramenta ativa do
psicólogo em seus serviços oferecidos.
Considerações
Finais
O
profissional da psicologia pode utilizar dos recursos artísticos em
intervenções a uma diversidade de públicos. Sendo assim, é de suma importância
o psicólogo compreender a arteterapia, suas aplicabilidades e contribuições
para beneficiar a sociedade e a aprimorar seus meios metodológicos empregados
em seus serviços oferecidos. Visto que a psicologia da terapia pelas expressões
artísticas, que já são utilizadas nos próprios testes projetivos na área,
também contribuiu no embasamento e na construção da técnica e manejo da
arteterapia no mundo e fornece diversas contribuições positivas no Brasil.
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