A arteterapia como intervenção na área da psicologia

  A arteterapia como intervenção na área da psicologia



A arte faz parte da existência do ser humano. Ao longo da história, os recursos artísticos estiveram presentes nas relações e obras desenvolvidas (Costa e Onativia; 2018). A criatividade na arte do fazer se encontra no processo da garantia da sobrevivência e da construção da sociedade. Destaca-se aqui a afirmação de Loiola e Andriola (2017) no reconhecimento da arte como a capacidade do homem e da mulher de criar, ser no mundo, encontrar sentido para o existir, realizar mudanças, buscar saúde e expressar-se.

          A psicologia procurou compreender estas particularidades relacionadas a subjetividade humana. As perspectivas de Freud, Winnicott, Jung, Rogers, Maslow e Perls - em suas teorias e abordagens psicológicas - produziram constatações sobre a temática e o funcionamento psíquico. Conexões foram estabelecidas entre a arte e a investigação da mente. Estas contribuíram na formulação de diversas técnicas avaliativas, psicoterápicas e interventivas psicológicas. Uma delas é a intervenção arteterapêutica que obteve subsídio da psicologia e de outras áreas do conhecimento na sua concepção. Isso é corroborado por alguns autores, como Felício, Pereira e Santos (2019); Anastasiou e Matos (2018); Rodrigues, Oliveira, Câmara e Oliveira (2018); Loiola e Andriola (2017); Tavares e Prestes (2017).

          A Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo (AATESP) e a Sociedade Brasileira de Arteterapia (Sobrarte) definem a arteterapia como uma intervenção terapêutica humanizadora e global. Esta utiliza a expressão pelos recursos artísticos. Estimula e capacita a criatividade, sensibilidade, autoconhecimento e elaborações modificantes na vida do indivíduo. Além de ser um tratamento complementar das patologias de teor orgânico, psíquico e emocional. Aborda conflitos e interações relacionais do paciente com ele mesmo, com os outros e o mundo. Oferece o ciclo de reflexão, reconhecimento, elaboração, ressignificação, reconstrução e transformação (Soares, Machado, Ramos e Rapazzo, 2019; Costa e Onativia, 2018). 

Há programas de pós-graduação e cursos de associações para capacitar os profissionais de diversas áreas que queiram manejar a arteterapia. Psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e entre outros profissionais podem se especializar e se tornarem arteterapêutas (Tavares e Prestes; 2017).


Contexto Histórico da Arteterapia

Segundo a Philippini (1998) e PAÍN e JARREAU (2009), Freud e Jung - teóricos da psicologia importantes da linha psicanalítica - contribuíram na construção das bases primárias da arteterapia através de análises das expressões artísticas, símbolos, significados e significantes que remetiam a conteúdos inconscientes da pessoa. Desta forma, pesquisas já citadas anteriormente como os de Felício, Pereira e Santos (2019); Anastasiou e Matos (2018); Loiola e Andriola (2017); Piccoti(2016) são destacados aqui por estarem corroborando com os dados fornecidos pela Associação.

Para Paín e Jarreau (2009) e Arcuri (2006), a contribuição do processo da elaboração de testes psicológicos como o de Mohr em 1906, de Rorschach e de Murray com o TAT que trazem como fundamentos aspectos técnicos e teóricos destes instrumentos revelando possíveis intervenções terapêuticas científicas pelo uso da imaginação, criatividade e da expressão artística (VAN KOLCK, 1967); e posteriormente foi embasada na sistematização da arteterapia. Em 1876, o psiquiatra Max Simon surge como um dos que iniciaram a artetarapia na história por aplicar a arte como instrumento mediador das expressões conscientes e inconscientes de seus pacientes no trabalho psiquiátrico.

O estudo de Piccoti (2016) e Paín e Jarreau (2009) corroboram na afirmação de que Margareth Naumburg, em 1941, fundou e sistematizou em termos científicos a Arteterapia nos Estados Unidos, e como resultado de seu trabalho produziu o livro “Arteterapia de Orientação Dinâmica”. Já na Europa, outros nomes surgiram praticando a arte como facilitadora terapêutica como o de Edith Kramer em 1950. E em 1970, Françoise Dolto continuando a linha psicanalítica, Jainie Rhyne com a gestalt terapia e Natalie Rogers com o humanismo.

Por volta de 1920 e 1940 surgiram duas figuras marcantes para o início da história da arteterapia no Brasil. Conforme a Sociedade Brasileira de Arteterapia (Sobrarte), a Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo (AATESP), Piccoti (2016) e Arcuri (2006) estas duas figuras são: o Dr. Osório César e a Dra Nise da Silveira, ambos médicos psiquiatras. O Dr. Osório César se destacou em 1925 pela sua atuação profissional no Hospital Psiquiátrico do Juquery em São Paulo com práticas que utilizavam da arte destinados aos pacientes. E a Dra Nise da Silveira em 1946, no Centro Psiquiátrico Dom Pedro II em Engenho de Dentro no Rio de Janeiro, realizou a criação, o desenvolvimento e efetivação de oficinas de artes na Seção de Terapia Ocupacional mantendo comunicação por cartas com Jung. Todos os materiais produzidos pelos pacientes foram destinados como patrimônio memorial e reunidos no Museu do Inconsciente na atualidade. Toda a trajetória da Nise com este trabalho é descrita no livro “O Mundo das Imagens” escrita pela autora Silveira e publicado em 2001. Nise é reconhecida pela contribuição na reformulação do tratamento utilizado a doentes mentais de forma humanizada e também como marco importante na reforma psiquiátrica.

Na década de 1960, a arteterapia começou a surgir como campo de conhecimento e atuação pela vinda de Hanna Yaxa Kwiatkowska ao Brasil - formada em arteterapia no exterior - foram atribuídos os primeiros cursos efetivos desta área para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, segundo Arcuri(2006).

Outro nome destacado por Arcuri (2006), é o da psicóloga Maria Margarida M. J. de Carvalho que realizou o curso de arteterapia com a Hanna Yaxa Kwiatkowska em 1964, e foi a primeira a realizar orientações e programas de arteterapia no período de 1970. Além de que trouxe contribuições significativas durante o período de 1980 e 1981 através do seu próprio curso de extensão em Terapias Expressivas junto com colegas das áreas de dança terapia, teatro e expressão corporal.

Dados disponibilizados pela Ciornai (2004) mostra que Joya Eliezer e Ângela Philippini, ambas psicólogas, na década de 1970 e 1980, formaram-se em arteterapia. As duas são profissionais respeitadas no meio da artaterapia na atualidade, mas Ângela Phillippini se destaca pelos seus grupos de estudos oferecidos, por ter estudado os escritos diretos de Nise da Silveira, pelos treinamentos e cursos que ela ofereceu na Clínica Pomar e pela sua titulação de mestra em Arteterapia em Barcelona.

Ainda pela Ciornai (2004), destaca-se no período de 1975 e 1976, pois estudou - Selma Ciornai - arteterapia durante a sua faculdade em Israel e nos Estados Unidos fez mestrado também nesta área. Considerando em seu currículo que também estudou Arteterapia com Vija Lusebrink e Janie Rhyne que foram uma das primeiras aprendizes que ajudaram na construção desta área. Em 1984 Ciornai produziu o primeiro curso de extensão em Arteterapia na Pontífica Universidade Católica de São Paulo, que se estendeu a grupos de estudo em diversos contextos. Em 1989 começou a oferecer o curso de extensão em Arteterapia no Instituto Sedes Sapientiae, que logo no ano seguinte se transformou no primeiro curso de formação em Arteterapia a ser dado em uma instituição de ensino superior em São Paulo.

Segundo Souza(2016), a década dos anos de 1990 e anos 2000 a 2008, outros cursos de Arteterapia surgiram, inicialmente com a orientação dos professores dos três pólos pioneiros iniciais: o curso de Joya Eliezer, a formação da Clínica Pomar e a formação do Instituto Sedes Sapientiae. Os primeiros Congressos Brasileiros de Arteterapia foram realizados no Rio de Janeiro em 1993 e 1996, e em São Paulo foi em 1999 (Sociedade Brasileira de Arteterapia). Nos anos 90, observou-se uma expansão de cursos de Arteterapia no Brasil, alguns coordenados por pessoas capacitadas, mas outros coordenados por profissionais sem muita noção do que era Arteterapia. Hoje existem Associações de Arteterapia do Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Brasil Central, Rio Grande do Sul, Bahia e Sul do Brasil, além da União Brasileira de Associações de Arteterapia (UBAAT) cuja finalidade é reconhecer, normatizar e legalizar a profissão.

 

Principais Abordagens da Arteterapia

Devido a linha psicológica psicanalítica ter sido uma das principais bases teóricas iniciais enraizadas na história da arteterapia, é possível perceber a psicanálise freudiana e junguiana como as abordagens principais e mais fortes dentro da prática arteterapêutica (Philippini, 1998). No entanto, linhas teóricas psicanalíticas como de winnicottiana, lacaniana, kleiniana e derivadas também são aceitas nas interpretações e análises, com base as corroborações das informações fornecidas por Felício, Pereira e Santos (2019); Anastasiou e Matos (2018); Loiola e Andriola (2017); Tavares e Prestes (2017); Piccoti(2016); Paín e Jarreau(2009).  

Neste patamar entre as abordagens mais aplicadas para a intervenção arterapêutica, a Gestáltica também se destaca dentro da linha psicológica fenomenológica-existencialista, que assim como na linha psicanalítica, segundo a Paín e Jarreau (2009), podem ser empregadas como embasamento teórico ramificações para as interpretações das ações terapêuticas como as teorias de Maslow, o humanismo, o psicodrama, Sistêmica, Transpessoal. O uso da abordagem Cognitiva Comportamental também está sendo empregada durante a prática da arteterapia (MENDES, et. al. ,2020).

Abordando o aspecto teórico da base usada na arteterapia, três fundamentos se destacam em relação a esses pressupostos, que são a psicanálise, junguiana e gestáltica (REIS, 2014).

A primeira delas foi a psicanalítica que foi desenvolvida por Margaret Naumburg em um modelo de orientação dinâmica, que de acordo com ela podia através da arteterapia estabelecer uma conexão entre o inconsciente e o consciente, seguindo uma modelo determinista freudiano (do inconsciente), pois favorecia a projeção de fatores inconsciente favorecendo desta forma a relação paciente-terapeuta por meio dos fenômenos transferenciais e a produção de insights (Reis, 2014).

Ainda segundo Reis (2014) e Freud (1990), na abordagem psicanalítica a arte é vista como uma forma de sublimação, em que é sublimado as pulsões de ordem sexual para utilizar em atividades criativas e de viés intelectual, projetando através da associação livres os sentimentos e pensamentos.

Segundo Andrade (1995), Edith Krammer, também é uma expoente da arteterapia psicanalítica, porém sem utilizar a interpretação, pois o paciente não precisava verbalizar. A importância terapêutica estava posta na expressão de coisas muitas vezes não aceitas socialmente e que encontrariam uma forma de expressão em oposição ao recalcamento, voltando na forma de sintoma.

A segunda base, junguiana, é apresentada por Reis (2014) como advinda no Brasil pelo trabalho de Nise da Silveira, que utilizava mediação de símbolos do inconsciente, pois de acordo com essa abordagem a “uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato” (Von Franz 1977, p.20), direcionando desta maneira ao inconsciente, mas além do pessoal, incluindo também o inconsciente coletivo, ou seja, aqueles que aparecem várias vezes de forma geral, universal, desenvolvidas através dos arquétipos e instintos.

De acordo com Silveira (2001), na teoria junguiana, no inconsciente também são criados ideias novas, pois a criação também vem dela (inconsciente), sendo demonstrada de diversas formas, como, sonhos, fantasias, nas artes e histórias, mas tudo isso na verdade pode ser considerado um auto-retrato que ocorre internamente sem filtros, por isso não é feita interpretações das imagens relacionando-as como representações do inconsciente nas intervenções arte-terapêuticas, na verdade o importante é o indivíduo “dar forma” a esses impulsos e libido, pois não poderia ser expresso pela fala.

Analisando o início das imagens presentes no inconsciente representadas na arteterapia, a psicologia analítica se desenvolve em dois tipos, a primeira são as expressões daquilo que o indivíduo vivenciou, vinda do inconsciente pessoal e a segunda são imagens arquetípicas, que são as vivências básicas das pessoas, que são expressas de formas diferente, momentos diferentes, em locais diferentes, segundo Reis (2014). Os principais expoentes dos arquétipos são os mitos, pois eles fecham situações que se repetem em vários contextos, juntamente com a psicose, que é “uma inundação do consciente por imagens arquetípicas” (Silveira, 2001, p.352) que são representados nas artes do paciente, deixando o terapeuta perceber os processos psíquicos do paciente enquanto o paciente pode (re) experimenta-lo, ou seja, transformar-se.

Neste contexto, é muito comum o uso de mandalas fundamentado por Chiesa (2012). Logo, considera-se a pintura, o desenho, recorte-colagem, modelagem, tecelagem, escrita criativa, entre outros recursos aplicados pela abordagem Junguiana, o idoso pode acessar o inconsciente e a representação dos arquétipos (PHILIPPINI, 1995).

A terceira base é a arteterapia gestáltica que tem como ideia a teoria da percepção e a arteterapia objetiva ampliar essa percepção de si mesmo (REIS, 2014). É uma percepção de um todo, formado por várias partes, tornando-se assim um a realidade (completa), mas toda essa junção é mais do que somente a junção de partes e a função terapêutica na Gestalt é trazer insights sobre a forma como percebemos nós e o nosso mudo, promovendo a awreness, ou seja, a autopercepção no momento vivido, ganhando consciência (RHYNE, 2000).

A experiência gestáltica de arte, então, é o seu eu pessoal complexo fazendo formas de arte, envolvendo-se com as formas que você está criando como fenômenos, observando o que você faz, e, possivelmente, espera, percebendo por meio de suas produções gráficas não apenas como você é agora, mas também modos alternativos que estão disponíveis para que você possa se tornar a pessoa que gostaria de ser (Rhyne, 2000 como citado em Reis, 2014).

O Criar permite que a pessoa se revelar em diversas formas de ser-no-mundo, pois permite se enxergar de diversas formas até então inexploradas e desconhecidas. O Psicólogo não deve interpretar e sim respeitar a o sentido trazido pelo individuo, considerando a individualidade, guiando e acompanhando todo o processo de busca realizado pelo cliente, pois quanto mais o cliente aprende sobre no processo, mais caminhos ele descobre em sua vida (CIORNAI, 1995).

 

Aplicabilidades da Arteterapia no Brasil

 A arteterapia, na perspectiva de Bernardo (2013) e Lopes (2018), é uma intervenção terapêutica facilmente adaptável a diversas realidades, contextos e temáticas. Contém cunho transdisciplinar. É aplicada em faixa etárias, demandas e situações socioeconômicas variadas, ocupando grande relevância social e política. É de utilidade para a saúde e educação pública. É válido em ações e estratégias em diversas áreas - como na educação, comunicação, saúde, organizacional e entre outras - com a tendência de proporcionar um cuidado holístico ao ser humano. Atua na promoção da saúde, prevenção de doenças, reabilitação, cuidados paliativos e desenvolvimento biopsicossocial (VITAL, SILVA, SARDINHA E LEMOS, 2020; VALADARES-TORRES E RODRIGUES, 2020; GONÇALVES E SANTOS, 2019; SOARES, MACHADO, RAMOS E RAPAZZO, 2019; CORDEIRO, 2019; PINANGÉ, 2018; COSTA E ONATIVIA, 2018; CARATI, 2018; ANASTASIOU E MATOS, 2018; AJAMIL, 2018; VALADARES-TORRES, 2017; SODRÉ E WEBER, 2017; LOIOLA E ANDRIOLA, 2017).

          Segundo a Portaria nº 849, de 27 de março de 2017, o Ministério da Saúde incluiu a arteterapia na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Reconheceu a importância desta intervenção para a saúde integral e na promoção da qualidade de vida. Diante disso, esta prática pode ser efetuada no Sistema Único de Saúde (SUS), como na Unidade Básica de Saúde (UBS), nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Clínicas e no Hospital Geral e Especializado, conforme os estudos de Vital, Silva, Sardinha e Lemos(2020); Franco (2020); Valadares-Torres e Costa (2018); Lima, et. al.,(2018); Soares, Machado, Ramos e Rapazzo(2019); Tavares e Prestes(2017).

Com o avanço tecnológico, pesquisadores procuram formas de integrar novos estudos e ferramentas tecnológicas nas intervenções arteterapêuticas. Tavares e Prestes (2017) enfatizam os concentrados esforços na criação da tecnologia social em arteterapia, sendo de relevância sociopolítica, com o intuito de variar, inovar, facilitar e acrescentar novos conhecimentos e metodologias na compreensão das vivências arteterapêuticas de cada participante.

Com base em Nazareth (2020) o atendimento arteterapêtico remoto em contexto da pandemia do COVID-19 se tornou um recurso para manejo de crises, apoio emocional, acolhimento e elaborações. Concentra-se na diversidade de possibilidades interventivas com o intuito ao cuidado e atenção a mente humana com a ferramenta de expressão artísticas com acessibilidade. Fototerapia, histórias, heróis, contos e desenhos podem ser utilizadas nos encontros síncronos e assíncronos.

Mendes, et. Al. (2020) acentua a relevância da união da atuação da Arteterapia e Psicologia inovando no atendimento on-line em um Centro de Atenção Psicossocial I como alternativa potente para dar voz a conflitos que dificilmente conseguiam ser verbalizados, destacando sua flexibilidade de custos financeiros para a aplicação. Dispondo os processos arteterapêuticos a disposição de projetos interventivos direcionados a dinâmica familiar, crianças, adolescentes, jovem adultos, adultos e idosos caracterizando a integração entre afeto e cognição com evidentes modificações comportamentais resultantes elevando os níveis de bem estar (BURNS, 2017).

Neste sentido Moraes (2018) diz:

Através da criação, ele se perceba em suas repetições, resistências, sintomas, e tenha a oportunidade de enfrentá-las. Que em meio a essa experiência tome decisões sobre o enfrentamento (ou não) e que assim se responsabilize por si como autor e protagonista da sua obra/história, alcançando uma realidade nova em dimensões novas (pp.76-77).

 

Baseado nos estudos de Lopes(2017), Cordeiro(2019), Bueno e Bridi(2019), Philippini(2011) e Ciornai (2004) o psicólogo pode aplicá-la em suas atuações profissionais, como em  oficinas, grupoterapias e atendimentos individuais. Mostra-se útil na psicologia da saúde, comunitária, hospitalar, clínica, educacional e escolar (LOPES,2018). Tendo como possibilidades oficinas de Grupo de arte-identidade, que é facilitado em sua prática com duas fases: a verbal e a vivencial, destacadas por Camara e Góis (2015), proporciona a gesticulação de articulações metodológicas contendo estratégias biopsicossociais capaz de envolver a atuação de equipes interdisciplinares. 

A arteterapia, para Acampora (2016), compreende uma junção de diversas técnicas e materiais envolvendo o processo criativo, como objetos intermediários a mediação da expressividade do conteúdo interior para o mundo produzindo experiências sensoriais e a manifestações emocionais. Trata-se de vivências experienciais significantes de transformação facilitando a subjetivação, a elaboração da fragmentação psíquica proporcionando o acesso a conteúdos desencadeadores as patologias de teor somato-psíquicos como uma ferramenta que possibilita a compreensão do diagnóstico interventivo na prática e o contexto social e cultural dos sujeitos (ALVES, 2019).

Na perspectiva de Primi (2005), a sólida fundamentação teórico-prática a respeito da importância da criatividade e o desenvolvimento da competência profissional que promoverão a construção de novas ações em relação ao mundo do trabalho, então será formado um trabalhador corresponsável pelos processos sociais de sua época. Por isso, enfatiza que é de suma importância preparar as pessoas para aprender a agir e pensar por conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção. Sendo assim, a arteterapia pode ser um recurso de desenvolvimento profissional dos psicólogos, assim como, pode ser uma ferramenta ativa do psicólogo em seus serviços oferecidos.

 

 

Considerações Finais

O profissional da psicologia pode utilizar dos recursos artísticos em intervenções a uma diversidade de públicos. Sendo assim, é de suma importância o psicólogo compreender a arteterapia, suas aplicabilidades e contribuições para beneficiar a sociedade e a aprimorar seus meios metodológicos empregados em seus serviços oferecidos. Visto que a psicologia da terapia pelas expressões artísticas, que já são utilizadas nos próprios testes projetivos na área, também contribuiu no embasamento e na construção da técnica e manejo da arteterapia no mundo e fornece diversas contribuições positivas no Brasil.

 

 

Referências Bibliográficas

AATESP. Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.aatesp.com.br/aatesp.html

ACAMPORA, Beatriz. 170 Técnicas Arteterapêuticas – modalidades expressivas para diversas áreas. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2016.

AJAMIL, E. G. Arteterapia familiar em oncologia pediátrica. Psicooncologia. v.15, n.1, p.133- 51, 2018.

ANASTASIOU, H. P. & MATOS, P. J. S. Arteterapia: considerações ao processo. Revista Revise, vol. 3, nº fluxo contínuo, p. 61-78. 2018.

ANDRADE, L. Q. Linhas teóricas em arte-terapia. In M. M. M. J. de Carvalho (Org.), A Arte Cura? Recursos artísticos em psicoterapia (pp. 39-54). Campinas, SP: Editorial Psy II. 1995.

 

ALVES, Maria do Céu. A Arteterapia na Casa de Saúde Câmara Pestana: o atelier de escrita. Revista de Arteterapia da AATESP, V.11, no. 01, 2019.

ARCURI, Irene. Arteterapia – um novo campo do conhecimento. São Paulo:  Vetor, 2006.

BERNARDO, Patrícia P. A prática da Arteterapia: correlações entre temas e recursos. São Paulo: Arterapinna Editorial, Vol. 1. 2013.

BUENO, Alexandre Pinto e Filho; BRIDI, Cesar Augusto. A arteterapia no atendimento psicológico: revisão sistemática. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 20, n. 2, p. 421-438, 2019.

BURNS, David D. A Revolucionária Terapia do Bem-Estar. São Paulo:Cienbook, 2017.

Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 849, DE 27 DE MARÇO DE 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt0849_28_03_2017.html

CAMARA, Cândida Maria Farias; GOIS, Cezar Wagner de Lima. Sentidos e arte: pesquisa-facilitação com um grupo de arte-identidade. Psicol. teor. prat.,  São Paulo ,  v. 17, n. 1, p. 50-60, abr.  2015.  

CARATI, Edna Aléssio De Barros Costa. A Arteterapia Como Dispositivo Terapêutico No Tratamento Da Esquizofrenia. Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. 2018.

CIASCA, Eliana Cecília; NUNES, Paula Villela. Arteterapia e depressão: efeitos da arteterapia como terapia complementar no tratamento de depressão em idosos. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.  

CIORNAI, S. Arte-terapia: o resgate da criatividade na vida. Campinas, SP: Editorial Psy II. 1995.

 

CIORNAI, S. Percursos em arteterapia: arteterapia gestáltica, arte em psicoterapia, supervisão em arteterapia. São Paulo: Summus, 2004.

 

CHIESA, R F. Mandalas – Construindo caminhos: um processo arteterapêutico, São Paulo: Wak, 2012.

 

CORDEIRO, Dayane Tassi Macena. O uso da arteterapia no controle da ansiedade. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Psicologia, Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas/TO, 2019.

COSTA, Rogério de Almeida; ONATIVIA, Ana Cecília. A arteterapia e o Enriquecimento Emocional na Terceira Idade. Dissertação de Pós Graduação em Psicologia da Unisa -Universidade Santo Amaro. 2018.

FELÍCIO, Carla Bittencourt; PEREIRA, Flávia da Cunha; SANTOS, Juliana Marinho. Arteterapia Com Crianças Na Separação Dos Pais. Revista Philologus, Ano 25, N° 73. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr.2019.

FRANCO, G. H. O efeito terapêutico da prática artística: a aplicação da arteterapia no serviço de Atenção Psicossocial (CAPS) em Goiânia. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020.

FREUD, S. O Inconsciente. In: Obras Completas. 3ª ed., v. IV. Rio de Janeiro: Imago, 1990.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas 2010.

LIMA, M. F. R. et al. A Arteterapia como dispositivo terapêutico com grupo de crianças e de adolescentes com doenças crônicas e graves. Rev Científica Arteterapia Cores da Vida. v.26, n.1, p.3-17, 2019.


LOIOLA, Rute de Sousa; ANDRIOLA, Cícera Jaqueline Sobreira. A Arteterapia como Instrumento do Psicólogo na Clínica. Id on Line Rev. Psic. V.11, N. 35. Abril/2017.

LOPES, Cristina P. Práticas Criativas de Arteterapia como intervenção na depressão - Memórias da Pele. Petrópolis: Vozes, 2018.

LOPES, Maria Cândida Fernandes. O bordado como arteterapia: percepções e sentimentos – Relato de experiência. Monografia (Graduação em Design-Moda) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017.

MENDES, A. M. ; MASSERAN, C. C. M. V. ; RANDO, C. R. T. Arteterapia e Psicologia inovando no atendimento on-line em tempos da COVID-19. Revista de Arteterapia da AATESP, V.11, no. 01, 2020.

MORAES, Eliana. Pensando a Arteterapia. Divino de São Lourenço-ES: Semente Editorial, vol. 1, p. 76-77. 2018.

MOREIRA, Marcelo Augusto Gonçalves; SANTOS, Victor Corrêa. A fotografia como arteterapia no processo de recuperação de mulheres após o tratamento de câncer de mama. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Enfermagem) - Centro Universitário do Planalto Central Aparecido dos Santos, 2019.

NAZARETH, Leila. Relatos de experiência: retratos da diversidade de possibilidades na Arteterapia. Revista de Arteterapia da AATESP, V.11, no. 01, 2020.

PAÍN, S; JARREAU, G. Teoria e técnica da arteterapia: a compreensão do

sujeito. Porto Alegre: Artes Médicas, 2009.

PICCOLI, Ana Paula Bonilha. Crianças com leucemia: estudo das condições emocionais pela arteterapia numa abordagem junguiana. Tese de doutorado da Pós Graduação em psicologia clínica da Pontífica Universidade Católica de São Paulo. 2016.

PINANGÉ, Daniella Sotero de Barros. Arteterapia “entre mulheres” : por outras possibilidades de expressão e elaboração de sofrimento. Dissertação de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco.  2018.

PHILIPPINI, Ângela. Grupos em Arteterapia: redes criativas para colorir vidas. WAK:Rio de Janeiro, 2011.

PHILIPPINI, A. Mas o que é mesmo Arteterapia? Revista Imagens da Transformação. Pomar, 1998.

PHILIPPINI, A. Universo junguiano e arteterapia. Revista Imagens da Transformação. Pomar, 1995.

PRIMI, R. (org). Temas de avaliação psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

REIS, A. C. Silveira, N. (2001). O mundo das imagens. São Paulo: Ática.

REIS, A. C. Silveira, N. Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo. Psicol. cienc. prof. 34 (1). 2014.

RHYNE. J. Arte e gestalt: padrões que convergem (M. B. P. Norgren, trad.). São Paulo: Summus. 2000.

SCORACHIO, Flavia Rodrigues de Souza; TENG, Teresa Kam; DE CONTI, Márcia Gallo; FREIRE, Tania Cristina; INGHAM, Sheila Jean McNeill. Arte reabilitação em mulheres amputadas utilizando o mito de Pandora como recurso facilitador de autoestima e qualidade de vida. Acta Fisiatr. 25(1):12-18. 2018.

SOARES, MH; ROLIN, TFC; MACHADO, FP; RAMOS, LKF; RAMPAZZO, ARP. Impacto da intervenção breve e da arteterapia para usuários de álcool. Rev Bras Enferm. 72(6):1485-9. 2019.

SOBRARTE. Sociedade Brasileira de Arteterapia. Publicações. Disponível em: https://www.sobrarte.com.br/category/publicacoes/

SODRÉ, Ana Maria Rolim; WEBER, Lílian. A Arte Urbana e seus Efeitos nos Processos de Subjetivação: Uma Revisão Bibliográfica no Campo da Psicologia. Revista Subjetividades, Fortaleza, 17(2): 66-75, agosto, 2017.

SOUZA, O. R. S. de. Histórico da Arteterapia. Disponível em: http://www.ubaat.org/. Acesso em: 6 dez. 2016.

TAVARES, Juliana Regina; PRESTES, Vivian Rafaella. Arteterapia como estratégia psicológica para a saúde mental. Revista de Iniciação Científica da Unifamma. 2017.

VALLADARES-TORRES, Ana Cláudia Afonso. A contribuição da Arteterapia na remissão de sintomas depressivos e ansiosos nas toxicomanias. Rev. Científica Arteterapia Cores da Vida. Goiânia: ABCA, ano 13, v.24, n.2, p.36- 35, cap.5, jul./dez., 2017.

VALLADARES-TORRES, A. C. A.; COSTA, M. V. G. Máscaras em Arteterapia com usuários do Centro de Atenção Psicossocial – álcool e outras drogas. Rev Científica Arteterapia Cores da Vida. v.25, n.2, p.3-16, Jul./Dez. 2018.

VALLADARES-TORRES, A. C. A.; RODRIGUES, L. T. A. Eficácia de programa de Arteterapia com grupo de mulheres com dependência de drogas. Rev Arteterapia Proceso Creativo Transformación. n.7, p.50-6, Apr. 2020.

VITAL, T., SILVA, S., SARDINHA, L., & LEMOS, V. Relações Entre Arteterapia Em Crianças Hospitalizadas Com Câncer. Diálogos Interdisciplinares9(4), 75-83. 2020.

VAN KOLCK, O. L. Interpretação Psicológica de Desenhos. São Paulo: EDUSP, 1967.

VON FRANZ, M. L. (1977). O processo de individuação. In C. G. Jung & M. L. von Franz (Orgs.), O homem e seus símbolos (M. L. Pinho, trad., pp. 158-229). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Não pare de investir nas coisas que você ama

Persistir na autorresponsabilidade